terça-feira, 8 de junho de 2010

Ser enfermeiro é amar o ser humano


A enfermeira Adriana Letícia Santos de Oliveira é mãe de uma menina de 4 anos e um menino de 2 anos. Ingressou aos 18 anos, no curso de Enfermagem da Faculdade Estadual do Pará (UEPA). Fez durante dois anos e meio residência em enfermagem cardiovascular, no Instituto Dante Pazzanese de cardiologia em São Paulo, onde disputou a vaga com o Sul e Sudeste. Adriana também é especialista em saúde da família, pela Universidade Federal do Pará (UFPA). É mestranda do curso de Neurociências e Biologia Celular pela UFPA, além de ser coordenadora titular do curso de enfermagem da Faculdade Metropolitana da Amazônia – FAMAZ, que atualmente tem 13 turmas.


Porque você escolheu a enfermagem?

Adriana Oliveira- Porque eu sempre tive vontade de cuidar de pessoas e isso sempre foi um princípio de vida. Eu sempre fui apaixonada pelo ser humano. Sempre gostei de me doar para alguém que estava necessitando e o enfermeiro faz isso, principalmente na área da saúde pública, onde o enfermeiro é um pouco de psicólogo e assistente social. Entrei na UEPA com dezoitos anos e, mesmo sendo muito jovem, já tinha a certeza do que eu queria ser. Nunca quis ser médica, administradora, fisioterapeuta entre outras profissões. Eu sempre quis ser enfermeira.

E quais são as atribuições de um enfermeiro?

Adriana Oliveira- A formação do enfermeiro é generalista. Ele pode atuar na assistência, na saúde, na atenção hospitalar ou na saúde pública. Pode ser gestor, além de trabalhar na área do ensino. A novidade é o enfermeiro empreendedor. Hoje vemos enfermeiros sendo donos de clínicas. Um exemplo é o serviço de home care (atendimento domiciliar), que é um campo em expansão, mesmo com poucas especializações no Brasil. E quem faz este serviço de Home Care, é o enfermeiro.

Qual a duração do curso Superior de Enfermagem?

Adriana – De acordo com a última alteração da resolução 2 e 4, do Conselho Nacional de Educação, o curso de enfermagem deve ser concluído em 4 mil horas. Portanto, o curso passa a ser concluído em cinco anos. Na Famaz, a mudança começou a partir do primeiro semestre de 2010, seguindo as matrizes curriculares e o estabelecido pelo Ministério da Educação. O nosso objetivo é formar enfermeiros preocupados em cuidar, gerir, assistir e disseminar a educação em enfermagem

Quais são os pontos positivos da profissão?

Adriana – O enfermeiro lida diretamente com o ser humano, o que exige amor e dedicação. É uma área que está em expansão. O enfermeiro pode trabalhar nas áreas assistenciais, em empresas, hospitais, clínicas, podendo atuar também como responsável técnico em programas do Ministério da Saúde. Hoje, a enfermagem ocupa cerca de 60% da força de trabalho dentro de um hospital, incluindo a área de gestão.

Como está o mercado de enfermagem no Pará?

Adriana – O mercado é promissor. Está em crescente avanço. Segundo a última estatística do Conselho Regional de Enfermagem – Coren, o Pará precisaria de 1.400 enfermeiros por ano, para atuar nos 144 municípios do Estado. A enfermagem é um campo promissor porque se dedica ao trabalho de cuidar. Trabalho que não pode ser destinado a máquinas. É um trabalho destinado a humanos. Enquanto profissão é a ciência do cuidar. E não se faz enfermagem sem gostar do ser humano.

De que forma a Famaz prepara seus alunos para o mercado de trabalho?

Adriana – Nós trabalhamos com a formação de enfermeiros com senso crítico reflexivo, de formação generalista, para que ele veja todos os campos de enfermagem, em ciências humanas, biológicas, de saúde e educação. Trabalhamos as disciplinas de assistência, de ensino e gestão. Hoje nós temos que buscar o melhor para Enfermagem em Belém e isso só pode ser feito através da academia. Precisamos de mais enfermeiros mestres e enfermeiros doutores.

Os alunos da Famaz fazem algum tipo de estágio?

Adriana – A partir do quarto período do curso, o estudante começa o ensaio clínico que é a saída para conhecer de perto o mercado onde ele vai atuar. Neste ensaio, os alunos acompanham os professores e passam a ver o atendimento em hospitais e na saúde coletiva. É neste momento que o aluno descobre se realmente que ser enfermeiro ou não. Já que nos três primeiros semestres ele só faz o estudo de disciplinas teóricas, que dão subsídio cientifico para fazer um atendimento eficaz. A partir do sétimo período o aluno passa para estágio supervisionado e passa a ter somente aulas de disciplinas práticas. Recentemente tivemos 220 alunos em prática supervisionada.

Em quais hospitais os alunos fazem estágio?

Adriana – No Hospital de Clínicas Gaspar Viana, Metropolitano, postos de saúde de Belém e Ananindeua, Hospital Santa clara, Hospital Camilo Salgado, entre outros.

E como o aluno reage ao lidar com a realidade do mercado de trabalho?

Adriana – Todos querem ir para um hospital de grande porte, mas nem sempre é possível. Então ele se depara com o caos da saúde pública. Alguns alunos nos perguntam o que fazer se não há balança, medidores de pressão, entre outros problemas que envolvem a realidade econômica da comunidade que está sendo atendida. E eu sempre falo: ‘por isso que é preciso amar o ser humano e fazer o possível, independente da falta de materiais’. A solução é unir forças para fazer o melhor. E essa é a nossa preocupação, formar enfermeiros cidadãos, aliando a teoria com a prática.

Nenhum comentário:

Postar um comentário