quarta-feira, 28 de julho de 2010

Matemática mais humana é uma estratégia da Famaz


Matemática sempre foi o terror para muitas pessoas seja no período escolar ou no dia a dia. Mas há quem transforme o ensino em algo mais leve, humano e prazeroso. Este método de ensino já é colocado em prática na Faculdade Metropolitana da Amazônia (Famaz) pelo professor Luiz Feliciano Rodrigues Júnior, que há nove anos trabalha com o ensino da matemática. E é ele quem conta um pouco mais sobre este método de educação e ensino. Confira a entrevista!


Famaz - Você transforma a matemática em algo mais humano, mas interessante. Como isso funciona na prática? Como é deixar a matemática mais humana e menos lógica?

Luiz – É simples. A gente tenta associar a matemática não pela matemática, por incrível que pareça. Fazemos primeiro um trabalho de relação. Começamos falando com o aluno, apresentando de forma respeitosa para que ele perceba que a pessoa está para ajudá-lo. No passado, a matemática era vista como uma matéria muito difícil, complicada, os professores eram os mais carrascos e não perdoavam erros. E com o convívio percebemos que quem se relaciona bem com seus professores tem uma atitude positiva, o aprendizado é melhor, a atenção, o interesse do aluno para a matéria é significativa. Nesse aspecto, a relação professor-aluno é importante, lembrando que é tudo de forma respeitosa para que não haja também uma confusão de postura, de educação, de respeito.

Famaz - E como é que o senhor percebe essa resposta deles?

Luiz – A nossa prática não é uma receita. É uma vivência. Então, a gente percebe através das atitudes dos próprios alunos que eles estão mais interativos. Quando existe interatividade, com certeza está funcionando essa relação. Então, quando acontece essa resposta por parte do aluno, não simplesmente de notas excelentes, mas de interesse, de interação, de atitude, é que percebemos que o trabalho está sendo melhor conduzido.

Famaz -

E como é que você percebe essa resposta?


Luiz – A nossa prática não é uma receita, é uma vivência. Então, a gente pega e segue a tendência. Percebemos a mudança no sentido da visão deles, porque o raciocínio lógico ajuda na vida da pessoa. Não só para resolução de problemas matemáticas, mas nas tomadas de decisões no dia a dia.

Famaz - De que forma você percebe esse amadurecimento doa alunos?


Luiz – Nós temos adolescentes, de 18, 19 anos, caminhando para uma idade mais avançada, mas temos também um perfil de alunos com idade razoável. Então, muita das vezes eles têm realmente essa dificuldade do raciocínio lógico até porque os estudos dessas pessoas, nessa época, não é como é hoje, contextualizado, que envolva leitura, que envolva o próprio raciocínio em si, resolução de problemas... Então, a Faculdade oferece o nivelamento para aquelas que têm uma dificuldade maior, seja a idade que elas tiverem. O nivelamento tem como objetivo resgatar essa base.

Famaz - Como funciona esse nivelamento?
Luiz – Houve um direcionamento justamente por os alunos sentirem uma dificuldade grande nessas disciplinas. Na Famaz, a gente faz reuniões uma vez por mês, aos sábados. Os professores ministram aulas de português e matemática que vão dar suporte para todas as outras, já que são a base para a formação do aluno.

Famaz - E como é o seu trabalho?
Luiz – Eu to linkado à educação. Apesar de ser de matemática, eu gosto muito dessa área humanista, um pouco da psicologia, da filosofia, e é por isso que eu gosto dessa palavra atitude, que a gente pode classificar como atitude positiva. Eu vejo assim: você observa, procura aprender com os seus erros e com os das outras pessoas também, e é isso que vai fazer de você um profissional, não só de matemática, mas de qualquer área. Tudo vai depender da atitude. Atitude positiva é você se doar não só na sala de aula, mas estar presente em outros eventos, estar disposto e querer ajudar o seu aluno não somente naquele momento que você está ministrando a sua hora-aula, mas também você marcar momentos dentro da Faculdade para tirar dúvidas mesmo. Esse tipo de comprometimento que tem que haver entre professor e aluno e isso desperta no aluno, justamente as primeiras perguntas: ele reconhece através da atitude que o professor tem interesse em ajudar e isso faz com que a relação, o trabalho e o interesse sejam diferentes. Então, esse acompanhamento, essa atitude de estar presente, de estar à disposição do aluno, é primordial. É claro que para isso é necessário que exista mão dupla, um casamento, em que o aluno também se comprometa. O professor de matemática precisa fazer com que os seus alunos entendam que a matemática não é um bicho de sete cabeças. Não é uma matéria para condenar ninguém, até mesmo porque atrás dessa queimada, dessa fumaça, tem vestígios do passado, mas essa relação mudou. Hoje está muito mais fácil você chegar com o professor e falar: “professor, eu to com dificuldade, com problema e eu preciso aprender”. E quando isso acontece, a responsabilidade é totalmente do professor. No passado, o professor era mais fechado, a relação era mais difícil, hoje melhorou.

Famaz - Mas esse movimento de libertação, digamos assim, dessa educação que coloca a matemática como uma coisa chata tem crescido? Como se deu esse histórico distorcido?

Rodrigues – A situação é cultural. Porque quando se aprendeu num passado distante é difícil se desprender desta carga simbólica. No passado colocaram o ensino como algo difícil e para comprovar isso, fiz uma série de questionamentos e o principal responsável, segundo as respostas negativas, foi o professor como o primeiro colocado. O segundo colocado foi a família. O terceiro colocado foi o meio. O professor é uma das figuras mais importantes neste cenário. É ele quem vai fazer com que você goste ou não da disciplina, ou com que você melhore a relação com ela porque é ele o agente direto entre a disciplina e você. Então, a responsabilidade esta toda para ele mesmo. E justamente essas atitudes negativas desses profissionais fizeram com que se propagasse essa imagem ruim do passado.
A família também tem a sua parcela de culpa. Por vezes até de forma involuntária, o pai ou a mãe fala para o filho, que não gostavam de matemática, que tiveram um professor perverso. Então, a criança aprende de forma inconsciente e, sem querer, ele acaba assimilando que matemática é ruim. E o meio? O meio ficou em terceiro colocado e é até mais fácil de explicar. Se você está num grupo de pessoas em que todos gostam de matemática, se você não gosta, você terá uma atitude já diferente por conta do meio, por conta de uma propensão do meio. Agora, se você está entre pessoas que não gostam, você está mais propenso a não gostar. Então, o meio influencia positivamente ou negativamente. E quem faz parte do meio? Tudo mundo, desde a família aos amigos de escola, vizinhos, mídia e etc.

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