sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Pará tem êxito no combate ao acidente com escalpelamento


O Pará contabiliza grandes avanços no combate aos acidentes com escalpelamento, mas ainda há muitos desafios a enfrentar. A afirmação é da presidente da Comissão Estadual de Erradicação dos Acidentes com Escalpelamento, Domingas Alves, feita durante a 13ª Oficina Educativa de Prevenção dos Acidentes com Escalpelamento, que começou, nesta quarta-feira (24), no auditório da Famaz.

A oficina tem o objetivo de estimular a participação da população na construção de ações estratégicas para o combate aos acidentes com escalpelamento nos municípios do Estado.

Na oportunidade, aconteceu o lançamento de kits educativos, que serão distribuídos aos municípios que têm Comitê de Prevenção dos Acidentes com Escalpelamento. O kit é composto por mochila, CD com radionovela, três spots e um DVD com documentário sobre o assunto.Durante a oficina, também serão formados os Comitês Municipais de Prevenção dos Acidentes com Escalpelamento nos municípios de Belém e Ananindeua.

Além de Domingas Alves, que também é diretora técnica da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), participaram da solenidade de abertura o capitão dos Portos, José Roberto Bueno Júnior, a coordenadora do Programa de Atenção Integral às Vítimas de Escalpelamento (Paives), Socorro Belarmino, e o defensor público da União, Domingos Daniel.

Conforme Domingos, "o êxito do trabalho vem da integração de diversos segmentos governamentais e não governamentais" e lembrou a ex-secretária de Saúde Sílvia Comarú, como personalidade fundamental para o desenvolvimento das ações.

Ela também falou do papel importante da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que beneficiou 26 vítimas de escalpelamento com cirurgias plásticas e agradeceu a cada um que se esforçou para que o trabalho prosperasse.


Apesar dos bons resultados, Domingas disse que "não se faz saúde pública sem processo educativo e quando se fala em erradicação do escalpelamento é uma situação que depende da consciência das pessoas, por isso há necessidade de educação continuada".

Como avanços na prevenção do acidente no Pará, Domingas citou a criação da Comissão Estadual; criação dos Comitês Municipais; envolvimento da sociedade civil por meio dos comitês, associações, sindicatos, igrejas etc.; redução dos acidentes; realização do 1º mutirão para avaliação das vítimas; e cadastro das vítimas pela DPU.
E como principais desafios: capacitar profissionais para o primeiro atendimento às vítimas nos municípios, criar serviços de atenção psicossocial às vítimas nos municípios e colocar o escalpelamento como prioridade de governo.

Para Socorro Belarmino, o momento é de muita felicidade pela redução no número de casos de acidentes, assim como a gravidade dos ferimentos. "O reforço da campanha de prevenção nos municípios faz muita diferença", afirmou.

Segundo o capitão Bueno, o acidente com escalpelamento traz muita dor tanto para as vítimas como suas famílias. "São muitas mulheres e crianças que têm os sonhos ceifados", lamentou, enfatizando que "a responsabilidade é do Estado, de cada um de nós e da população como um todo em participar do movimento no sentido de erradicar essa mazela da região".

Conforme Bueno, há necessidade de uma mudança de cultura na região, para que o direito de ir e vir seja exercido com segurança nos rios da Amazônia. "Todos nós precisamos chamar a atenção do mau profissional nas embarcações e estar sempre vigilante".

Ele lembrou que a Marinha do Brasil está integrada às ações, atuando principalmente na cobertura dos eixos, hoje feito com material metálico. "Mas precisamos de mais pessoas para multiplicar a instalação dos protetores nas embarcações".

Bueno também destacou a importância da participação dos gestores municipais, "pois sem a participação do município não chegaremos a lugar nenhum".

O defensor público da União, Domingos Daniel, também comemorou os resultados alcançados pelas ações da Comissão Estadual. Para ele, "é lamentável que um problema tão elementar como esse, ainda tenha repercussão como tem no Brasil.

E aproveitou a ocasião para lembrar que o papel da Defensoria Pública da União é dar assistência jurídica às vítimas de escalpelamento e suas famílias, com o objetivo de assegurar os benefícios.

Belém - A coordenadora da Estratégia de Saúde da Família (ESF) da Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma), Lindalva Rodrigues Filha, informou que Belém vai implantar Comitês Distritais nas ilhas de Mosqueiro, Outeiro, Combú, Furo da Marinha e Vila da Barca.

Daí estarem participando da oficina líderes comunitários e representantes de associações de pescadores de líderes comunitários, da região das ilhas. O trabalho será realizado em conjunto com os agentes comunitários de saúde.

A oficina prossegue até esta quinta-feira (25) com a participação de cerca de 100 pessoas, representantes de Secretarias Municipais de Saúde, Educação, Ação Social, Desenvolvimento Econômico; associações; sindicatos; igrejas; organizações ligadas a atividades de pesca e outras que utilizam os barcos como transporte
Números - De 2000 a 2010, foram registrados 227 acidentes com escalpelamento no Pará sendo 25 em 2000, 18 em 2001, 37 em 2002, 31 em 2003, 30 em 2004, 12 em 2005, 12 em 2006, 23 em 2007, 14 em 2008, 20 em 2009 e 05 até o momento em 2010, nos municípios de Muaná (01), Bagre (01), Curralinho (02) e Anajás (01).

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